No Brasil e no mundo, artigos de luxo tiveram aumento de vendas nos dois últimos anos
A pandemia de Covid-19, iniciada em março de 2020, prejudicou muitos setores, porém, não o mercado de luxo. Este, na contramão dos outros, foi alvo de destaque e cresceu a ponto das marcas pensarem em coleções e itens exclusivos para atender a demanda.
Inclusive, o mesmo fato aconteceu com os carros de luxo, com um Jeep seminovo. A explicação está na classe média alta, que, até 2019, fazia investimentos e compras fora do país. Com a instabilidade gerada pela crise na área da saúde, esse público decidiu consumir no Brasil.
O isolamento social contribuiu com o crescimento
O principal responsável pela mudança de comportamento da classe média alta foi o isolamento social. Em 2020 e no começo de 2021, antes da chegada da vacina, viajar para fora do país não era possível. As raras exceções foram os casos de quem saiu para trabalhar fora do Brasil.
Sem a possibilidade de viajar nas férias e comprar produtos internacionais, esse público viu uma oportunidade de investir em seu país de origem. Inclusive, uma pesquisa feita pela Abrael (Associação Brasileira das Empresas de Luxo) mostrou que, em 2020, a receita obtida com as vendas desses artigos foi de US$ 5,226 bilhões.
Autocuidado esteve em primeiro lugar
O coordenador da Abrael, Roberto Veiga, destacou que, no início da pandemia, o foco foi investir em produtos de luxo voltados ao autocuidado. Os produtos específicos de skincare são um exemplo e, até 2019, eram importados de fora pela classe média alta.
Em seguida, também em 2020, estiveram em alta os artigos para casa. Como as pessoas passavam mais tempo em seus lares, buscaram cuidar de si mesmas e do espaço onde viviam.
Desde o ano passado, com as flexibilizações, outros produtos de luxo passaram a fazer parte da lista. Dentre eles, roupas, automóveis e jatinhos.
Nas palavras de Veiga, “à medida que o tempo ia passando, as prioridades do consumidor foram sofrendo alterações. No início da pandemia, vimos uma procura por autocuidado e bem-estar. Agora, estamos percebendo um upgrade em bens de consumo como carros e viagens.”
Foco em produtos únicos e exclusivos
Com o aumento dessa busca de artigos de luxo no país, as marcas que trabalham com isso enxergaram uma oportunidade. Até porque, a ideia do consumidor não era apenas comprar os itens internacionais vendidos por aqui, mas conhecer as marcas de luxo nacionais.
Para conquistar esse consumidor mais exigente, as marcas passaram a oferecer produtos únicos e exclusivos. Então, muitos eram criados em quantidade limitada ou feitos sob encomenda.
Carros de luxo também valorizaram
Os veículos, que passaram a ser uma prioridade de compra desde o ano passado, com a flexibilização das medidas da pandemia, também sofreram aumento.
Uma pesquisa feita pela startup Mobiauto mostrou que a média de valorização dos veículos de luxo ficou em 17,5%, entre 2020 e 2021, contra apenas 13,4% do mercado geral.
Segundo Saint Clair Castro Jr, CEO da startup Mobiauto, “no caso desses importados premium, a volatilidade foi ainda maior, pois eles sofreram diretamente os efeitos da elevação do dólar nesse período e tiveram reajustes mais significativos. Os seminovos só acompanharam o viés de alta”.
Aumento mundial do número de milionários
Não foi apenas no Brasil que a pandemia trouxe mudanças no consumo dos artigos de luxo. De acordo com um levantamento feito pelo Credit Suisse, o número de milionários aumentou para 1% em todo o planeta.
A pesquisa também mostrou que os Estados Unidos, a Alemanha e a Austrália foram os países que mais apresentaram novos milionários.
O que as mudanças indicam
Todas essas mudanças, em um mercado que foi na contramão da crise, indicam a existência de um público interessado em artigos de luxo. Assim, as marcas precisam considerar o poder de compra dessas pessoas e focar em produtos e serviços cada vez mais exclusivos.