Entenda como funciona os fundos de renda fixa, a principal modalidade de entrada dos investidores.
O mercado financeiro possui uma ampla variedade de investimentos. Nesse sentido, não importa qual seja o seu nível de investidor, sempre há um veículo disponível para seu perfil. Entre os principais produtos de investimentos, os mais básicos e conhecidos são os fundos de renda fixa.
Fundos de renda fixa, como o próprio nome entrega, contam com uma carteira de investimentos com rendimentos previsíveis. Esses fundos investem sobretudo em títulos pré ou pós-fixados, CDBs e outros ativos do gênero.
No entanto, os fundos de renda fixa possuem diferenças entre si e é preciso ter cuidado, pois sua rentabilidade não é 100% livre de risco. Conheça mais a respeito desses fundos, seu funcionamento e como investir com segurança.
Carteira segura e estável
De acordo com o Portal do Investidor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os fundos de renda fixa possuem alguns indicadores específicos, como taxa de juros, índices de preços, entre outros. Dessa forma, fundos que possuem como rentabilidade a taxa Selic ou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) se enquadram na categoria de renda fixa.
Pelo menos 80% da carteira desses fundos é investida em ativos que estejam relacionados a esses índices. Títulos públicos, CDBs, LCIs, LCAs ou fundos que investem nesses ativos são exemplos de investimentos em renda fixa.
Normalmente, os fundos de renda fixa possuem prazos menores e alta liquidez, ou seja, o investidor consegue retirar seu dinheiro com facilidade. Por isso, esses fundos são indicados para aplicações como reserva de emergência ou objetivos de curto prazo, por exemplo.
Todavia, nem todos os fundos se encaixam nessa categoria. Afinal de contas, eles possuem ativos diferentes em seu portfólio, e o risco do fundo dependerá do risco do ativo. Assim, os fundos de renda fixa costumam ser divididos em três subcategorias: renda fixa de curto prazo, referenciado e simples.
Renda fixa de curto prazo
Como o nome diz, esse tipo de fundo tem como foco investimentos de curto prazo, segundo a regulamentação da CVM. A definição de “curto prazo” significa que o vencimento dos títulos que compõem a sua carteira não podem ter prazo de vencimento maior que 375 dias. Além disso, o prazo médio da carteira deve ser inferior a 60 dias.
Portanto, esses fundos são ideais para quem deseja guardar dinheiro para objetivos mais curtos, ou então para quem precisa ter liquidez. Nesse sentido, tais fundos são muito úteis para pequenas metas ou a criação de reserva de emergência.
Conforme a CVM, os gestores desses fundos podem investir apenas nos seguintes ativos:
- títulos públicos federais ou privados pré-fixados;
- títulos públicos federais ou privados que sejam indexados à taxa SELIC, a outra taxa de juros ou a índices de preços;
- títulos privados considerados de baixo risco de crédito pelo gestor;
- cotas de fundos de índice (ETF, na sigla em inglês) que apliquem nesses tipos de títulos;
- operações compromissadas com lastro em títulos públicos federais.
Renda fixa referenciado
Esse tipo de fundo é conhecido como fundo passivo, pois busca replicar algum índice de referência (benchmark) do mercado. No caso da renda fixa, este índice normalmente é a taxa Selic, os índices de preço ou a taxa dos Certificados de Depósito Interbancário (CDI).
Os gestores de fundos referenciados são bastante limitados em suas operações. Isso porque estes fundos devem destinar no mínimo 95% de seu patrimônio líquido investido a ativos que acompanhem o indicador. Tal limitação fornece pouco espaço de manobra para o gestor.
Em outras palavras, os fundos referenciados tendem a ser mais seguros do que os demais fundos de renda fixa. No entanto, a falta de liberdade faz deles instrumentos pouco úteis para gerar rentabilidade. O fundo referenciado mais popular é o chamado Fundo DI, cujo objetivo é acompanhar a variação do CDI.
Simples
Os fundos de renda fixa simples são, com o perdão da obviedade, os mais simples para investir. Esses fundos foram criados como uma porta de entrada para o mercado financeiro e um veículo praticamente livre de riscos.
Os fundos simples podem investir exclusivamente em títulos públicos federais ou em instituições financeiras com o mesmo risco de crédito. Tais fundos não podem realizar nenhuma operação no exterior ou em instituições privadas. Outra vantagem desses fundos é que, devido a sua estratégia passiva, as taxas cobradas tendem a ser menores.
Esses fundos são considerados de baixíssimo risco e de fácil acesso. Sua estrutura é tão simples que o investidor nem precisa assinar termos de adesão ou ciência de risco ao aplicar seu dinheiro neles.
Pré e pós-fixado
Por último, a rentabilidade dos fundos de renda fixa também possui suas variações, especialmente no tipo. Basicamente existem dois tipos de rentabilidade no mercado de renda fixa: pré-fixada e pós-fixada.
A rentabilidade pré-fixada é aquela em que o investidor sabe de antemão quanto vai receber no vencimento da aplicação. Por exemplo, um CDB com validade de 3 anos que paga 8% ao ano é um exemplo de rentabilidade pré-fixada. Afinal, o investidor sabe que receberá 8% ao ano durante os próximos 3 anos.
Por outro lado, a rentabilidade pós-fixada é aquela que o investidor só conhecerá no futuro. Nesse sentido, considere um mesmo CDB com vencimento em 3 anos, mas que paga uma rentabilidade de 101% do CDI. Essa rentabilidade é considerada pós-fixada, pois não há como saber qual será a taxa do CDI até lá.
Também há os investimentos que possuem uma rentabilidade mista, isto é, parte pré-fixada e parte pós-fixada. Por exemplo, títulos públicos com prazo de 10 anos que pagam IGP-M + 4% ao ano. O investidor já conhece parte da rentabilidade (4%), mas a taxa do IGP-M daqui a 10 anos é impossível de conhecer.
Dicas finais sobre fundos de renda fixa
Cada uma dessas rentabilidades possui um tipo de risco diferente. De maneira geral, a rentabilidade pós-fixada tende a proteger o investidor contra variações na taxa de juros. Por outro lado, quem comprou títulos pré-fixados em 2015/16, quando a taxa Selic estava em 14%, auferiu lucros bem maiores.
Já a rentabilidade mista serve como uma proteção contra a inflação e ainda confere uma rentabilidade ao investidor. Em suma, escolher o melhor investimento requer uma pesquisa sobre a situação de mercado, bem como a sua própria situação financeira e seus objetivos.