O Brasil ostenta um título que nenhuma empresa gostaria de ter: o de líder mundial em rotatividade de funcionários, com taxas que chegam a alarmantes 56%. O dado, que acende um alerta vermelho nos departamentos de Recursos Humanos, é mais do que um número; é um ralo financeiro. O custo para substituir um único funcionário pode variar de 120% a 200% do seu salário anual, de acordo com levantamentos recentes.

O mais irônico? A maior parte desse prejuízo se concentra no “paradoxo dos 90 dias”: o período mais caro de investimento em um novo talento é também aquele com o maior índice de desistência. Embora os números variem, pesquisas apontam que uma porcentagem significativa de novos colaboradores deixa o emprego nos primeiros três meses, muitos deles por conta de uma experiência de integração ruim.

A tese deste artigo é que um dos principais erros não está apenas no salário ou nos benefícios, mas na “experiência de chegada”. O onboarding tradicional, baseado em manuais impressos e palestras longas, faz tempo que já não funciona. Ele não falha apenas em engajar as novas gerações; ele falha em transmitir a cultura da empresa – e isso pode estar dando um tremendo prejuízo para sua corporação.

O Conceito de “Onboarding em Vídeo”

Muitas empresas tem buscado implantar o conceito de “Onboarding em Vídeo” – uma estratégia que usa o vídeo não apenas como uma ferramenta, mas como um dos pilares da experiência de integração.

O objetivo não é simplesmente “fazer vídeos bonitos”, mas sim redesenhar o processo de chegada. Essa é uma forma de garantir que 100% dos novos colaboradores, estejam eles na matriz em São Paulo ou em home office em outro estado, recebam a exata mesma mensagem sobre a cultura da empresa, as normas de compliance e os procedimentos de segurança.

Como especialista em produção audiovisual para onboarding, vejo que um grande desafio inicial é a própria percepção das empresas. Em tempos de TikTok e vídeos amadores feitos por usuários, muitas empresas ainda não enxergam o vídeo como uma ferramenta profissional e eficiente de acolhimento.

A metodologia que costumo aplicar é usar técnicas de produção cinematográfica para criar uma apresentação que seja ao mesmo tempo eficiente e dinâmica. Percebo, aliás, um padrão de jornada interessante: muitas empresas começam de forma mais simples, encomendando vídeos de integração para visitantes. Só depois que elas constatam o retorno claro daquela primeira ação, é que decidem investir no onboarding completo para seus novos colaboradores, com vídeos de integração para novos colaboradores e terceirizados.

Essa mudança de mentalidade é crucial. Naturalmente, para que a estratégia funcione, o sucesso depende de um planejamento cuidadoso. É fundamental definir quais são as mensagens-chave, alinhar a comunicação audiovisual aos valores do negócio e entender como estruturar essa ação de comunicação. A execução tática é tão importante quanto a estratégia.

Como o ‘Onboarding em Vídeo’ Funciona?

Primeiramente, o vídeo resolve o problema central da padronização. A mensagem é entregue exatamente da mesma forma, com o mesmo tom de voz e ênfase, para todos os colaboradores, eliminando a “crise de desilusão” em um novo trabalho causada por informações conflitantes.

Segundo, o formato em vídeo é cognitivamente superior para aprendizado. Estudos de neurociência já comprovaram que o cérebro humano consegue processar uma imagem inteira em apenas 13 milissegundos. A combinação de narrativa (storytelling), áudio e imagem presentes no vídeo cria uma retenção de conhecimento que nenhum PDF ou PowerPoint jamais alcançará.

Por fim, o vídeo é a única ferramenta que transmite “cultura” e “emoção” em escala. Ele fala a língua das novas gerações (acostumadas ao consumo rápido de informação) e cria uma conexão humana imediata, fazendo o novo colaborador se sentir genuinamente bem-vindo.

Para ilustrar como esses pontos – padronização, emoção e retenção de conhecimento – se conectam na prática, vale a pena analisar exemplos reais de onboarding em vídeo e conhecer como essas questões tem sido resolvidas por outras empresas. Observe como a narrativa e a cinematografia são usadas, de modo dinâmico, para humanizar a cultura da empresa e acolher o novo colaborador, indo muito além de uma simples lista de regras.

A Batalha pela Retenção dos Colaboradores nas Empresas: Como o 'Onboarding em Vídeo' Está Ajudando o RH

O onboarding em vídeo substitui a integração presencial?

Não, e aqui é importante reforçar que o “Onboarding em Vídeo” não é uma estratégia para substituir o contato humano. Pelo contrário, o objetivo é otimizá-lo.

Ao automatizar a transmissão das informações repetitivas e obrigatórias – como regras de compliance, a história da empresa ou procedimentos de rotina para segurança do trabalho – o vídeo libera o tempo precioso dos gestores e da equipe de Recursos Humanos.

Esse tempo economizado pode, então, ser reinvestido onde a tecnologia não pode competir: na conversa individual, no acolhimento humano, na mentoria e no desenvolvimento de um plano de carreira.

O onboarding deixa de ser uma tarefa operacional e burocrática para se tornar um importante pilar de uma estratégia de “employee experience” bem-sucedida.

No final das contas, investir em um processo de integração moderno e audiovisual não é um custo de marketing, mas um investimento direto na retenção do capital humano. É a forma mais eficiente de transformar a “porta de entrada” da empresa em uma vantagem competitiva duradoura.

Sobre o Autor

A Batalha pela Retenção dos Colaboradores nas Empresas: Como o 'Onboarding em Vídeo' Está Ajudando o RH

Erick Monstavicius é diretor e produtor audiovisual, fundador da Cinemátika Filmes. É especialista em soluções de vídeo de alta performance para empresas. Também mantém um site dedicado ao tema de onboading e vídeos de integração.

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