O mundo entra na segunda década do século 21 e um tema é fundamental nas discussões: a busca por eficiência energética.
Estabelecer a melhor relação entre energia utilizada e energia disponibilizada é uma necessidade emergencial no Brasil, país onde o consumo supera a produção.
Segundo o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), o desperdício de energia por ano é de 40 milhões de kWh.
Comércio, indústria e residências respondem por cerca de 22 milhões de kWh. O restante é por falhas ou problemas na distribuição da concessionária.. A perda equivale a US$ 1,54 bilhões.
O mau uso contribui para encarecer o custo do fornecimento para o consumidor final, seja residencial, comercial e industrial – o que afeta a produção.
Especialistas apontam que o caminho para a eficiência energética passa por investir em fontes renováveis de geração de energia, reduzir o uso das matrizes não renováveis e, especialmente, das que causam resultados poluentes, como aumento na emissão de gás carbônico.
Além disso é necessário combater o desperdício em todos os processos e mantê-los sempre aperfeiçoados.
Especialistas apontam que a demanda não pode ser deixada em segundo plano, sob pena de afetar a competitividade do país no mercado internacional.
Urgência da eficiência energética no Brasil
Em artigo publicado na Folha de São Paulo em dezembro de 2020, a coordenadora do Programa de Eficiência Energética do Instituto Clima e Sociedade (ICS), Kamyla Borges, destaca que o Brasil se acomodou na “falsa percepção de abundante oferta de energia elétrica” e por isso perde várias vezes em diferentes setores.
Ela aponta a falta de política pública orientada para o melhor interesse público como a razão desta “ineficiência energética”.
No texto, ela ressalta que há várias frentes em andamento para reverter essa situação e desenvolver um mercado voltado para a eficiência energética.
Uma delas está no Congresso, que poderia colocar em discussão a aprovação do Projeto de Lei do Senado 232/2018 sobre a reforma estrutural do setor elétrico.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) poderia reformular o Programa de Eficiência Energética e estabelecer prioridades, metas e transparência ao uso dos recursos.
Já o Ministério de Minas e Energia deveria se esforçar em atualizar e ampliar os padrões mínimos de eficiência energética para equipamentos, como refrigeradores e ar-condicionado, os grandes vilões no consumo nas residências.
Kamyla Borges aponta também que a evolução da eficiência energética aumentaria a sustentabilidade, atrairia o setor de investimentos, contribuiria para aumentar a produção e criar empregos.
Como obter segurança energética
A energia é fundamental na produtividade de empresas e indústrias. No texto sobre Eficiência Energética 4.0 para o Automação Industrial, Marcio Venturelli, comenta que a mudança começa “pelas pessoas, que transformam processos e finalmente, utilizam-se tecnologias para estes fins”.
Identificação das falhas, busca pelas tecnologias adequadas e treinamento dos colaboradores são etapas do processo de digitalização e de inovação que implementam o sistema mais otimizado para as necessidades de diferentes etapas da linha de produção.
Para isso, há empresas capacitadas em fazer varredura e indicar as mudanças: desde substituição das lâmpadas, troca de equipamentos por modelos que consumam menos, instalação de isoladores térmicos, monitoramento de desempenho e manutenção preventiva.
Conforme a necessidade do empreendimento, pode ser apontada a possibilidade de usar mais fontes para geração de energia.
Há as opções renováveis, como a instalação de painéis solares, energia eólica, biomassa e o uso de geradores, com modelos que viabilizem o desempenho com o menor gasto de combustíveis.