O isolamento social e o crescimento dos bancos digitais transformaram a forma com que o público lida com transações bancárias; entenda.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) revelou, em sua Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2021, que dispositivos móveis concentraram mais de 51% do total de transações financeiras feitas durante o ano anterior. O ano-base da pesquisa foi 2020.
Complementando esse fator, o consumidor também está em busca dos melhores bancos digitais para fugir das tarifas e burocracias das instituições tradicionais. Consequentemente, o investimento em tecnologias que proporcionem essas facilidades aumentou muito de um ano para outro. Entenda:
Transações digitais
O celular acabou se tornando a maneira mais prática e rápida de fazer transações bancárias. Dados da pesquisa mostraram que o número chegou a 52,9 bilhões de transações bancárias, ante 37 bilhões no ano de 2019.
Investimentos
Para dar conta de tantas movimentações, foi preciso investir bastante em tecnologias. Segundo a pesquisa da Febraban, o orçamento das instituições financeiras para tecnologia somou R$ 25,7 bilhões em 2020, 8% a mais que o ano anterior. O acréscimo foi feito tanto em novas soluções (Capex) quanto em despesas operacionais (Opex).
Pandemia e tecnologia
Não é novidade que o atual público dos bancos já demandava tecnologias que fizessem do atendimento presencial algo cada vez mais raro. Porém, a pandemia de Covid-19 acabou acelerando esse processo — tanto que 2020 foi o ano de surgimento do Pix e da adesão ao open banking por países fora do Reino Unido. O Brasil também começou a se preparar para aderir ao sistema no mesmo ano.
Outro fator importante é que, no mesmo ano, os bancos digitais entraram em ascensão. A facilidade de conseguir crédito e de abrir uma conta sem precisar sair de casa foi crucial no auge do isolamento social. Entre o primeiro semestre de 2020 e o de 2021, o número de usuários dessas instituições mais que dobrou: passou de 14% para 31%.
Inteligência artificial
Com a digitalização dos bancos, outro recurso que ganhou mais força foi a inteligência artificial. Ela é crucial, por exemplo, para o atendimento via chatbot — robôs que “conversam” com o cliente e são responsáveis por resolver problemas mais simples, passando a conversa a um atendente pessoal quando os casos são mais complexos.
A pesquisa da Febraban também mostrou que as empresas com inteligência artificial são prioridade para 93% dos entrevistados, principalmente para atendimento ao cliente, operações de crédito e biometria.
Junto à cibersegurança, a inteligência artificial é uma das prioridades do orçamento das instituições financeiras para tecnologia.
Cibersegurança das transações bancárias
A segurança cibernética é um dos fatores cruciais para o aporte de investimentos das instituições financeiras. Foram R$ 2,5 bi voltados à proteção dos sistemas bancários, ou seja, 10% do orçamento em tecnologia.
E não é para menos: o relatório Allianz Risk Barometer 2021 aponta que ataques cibernéticos são a principal questão para 47% das empresas voltadas a serviços financeiros no mundo.
O problema é que, apesar dos riscos de ataques das transações bancárias, os golpistas estão voltados para o consumidor final — que, muitas vezes, nunca teve uma conta bancária e enxerga nos bancos digitais a oportunidade de organizar suas finanças. Portanto, cabe uma união entre empresas financeiras e governo para educar e proteger o público.
Um exemplo disso é a Lei 14.155/21, que modifica no Código Penal o tipo de pena para invasão de dispositivo informático, além de incluir as formas qualificada e majorada ao furto mediante fraude e ao estelionato.
O golpista que invadir o celular da vítima estará apto à reclusão de um a quatro anos, além de multa, mas pode aumentar de um a dois terços se houver prejuízo econômico.
Além disso, se o invasor obtiver informações sigilosas (senhas do banco, por exemplo), assim definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado do dispositivo invadido, a pena poderá ir de dois a cinco anos, com multa.