A depender de onde você more, caro leitor, seus horizontes foram quase todos encobertos. Prédios e mais prédios, cada vez mais altos e imponentes, surgem numa velocidade cada vez mais acachapante. Em um dia, no horizonte, no outro um edifício. Fosse uma questão de aposta e, certamente, brazino casino lhe proporciona os melhores indicativos de onde novas torres surgirão.
No Brasil, o fenômeno da verticalização passou a ser observado em meados do século XX, desencadeado, especialmente, nas décadas de 1920 e 1930, principalmente nos grandes centros de São Paulo e Rio de Janeiro. Outras capitais e grandes cidades brasileiras passaram a observar o mesmo fenômeno algum tempo depois, de modo a termos, hoje em dia, uma verdadeira selva de pedra erguida por todos os lados.
A verticalização tem relações estreitas com um espaço urbano cada vez mais escasso, configurando-se como unidades sobrepostas em um mesmo terreno, cada vez em maior número, ou seja, os edifícios são cada vez mais altos e funcionais. Na maioria das vezes, a verticalização é vista como uma dinâmica que marca a paisagem urbana, pois provoca transformações irreversíveis na conjuntura socioespacial de uma cidade, através da alteração e realocação de classes sociais interessadas pela valorização do solo urbano.
O Estado exerce um papel de suma importância para verticalização, pois cria condições favoráveis (legislação, Plano Diretor, Estatuto da cidade) para atuação de distintos agentes produtores do espaço urbano, apresentado pela lógica da incorporação imobiliária.
Compreender o processo da verticalização passa, necessariamente, pelo entendimento da produção de espaços urbanos. A partir de um modelo histórico francamente capitalista, o Brasil passa muito violentamente de uma sociedade rural para uma sociedade urbano/industrial.
Quando as primeiras metrópoles começam a adquirir contornos, a ideia de prosperidade, ganhos reais e justiça social passam a fazer parte de um ideário expansionista. Contudo, como na prática a teoria invariavelmente é outra, os processos de exclusão ganham força na medida em que a população cresce e outros índices, como formação acadêmica e profissional, não acompanham.
A partir da década de 1950, o espaço urbano brasileiro passa a apresentar as primeiras e significativas transformações decorrentes de um verdadeiro êxodo rural. Tais populações rurais viam nos centros urbanos melhores oportunidades profissionais que, em geral, não se configuravam a contento.
A constante migração do campo para a cidade vai provocando a ocupação desordenada do solo, gerando uma densidade profundamente desigual. Em 1991, a população urbana já havia duplicado com relação à população campesina.
As populações menos privilegiadas foram empurradas para o entorno periférico que então se expandiu em escala progressiva; a periferia avançou sobre os limites das cidades e terminou por criar verdadeiras megalópoles, sem limites fronteiriços identificáveis.
No centro e nos bairros imediatamente adjacentes, os empreendimentos imobiliários são cada vez mais numerosos e atendem um público diversificado, porém, muito diferente da população periférica. Realidades distintas dentro de um mesmo espaço urbano; contrastes cada vez mais chocantes. Dentro desta dinâmica, as relações mantidas entre os seres humanos também guardam certas orientações no que diz respeito às características culturais.
Deste modo, jovens de bairros distintos têm perspectivas igualmente distintas no curto e médio prazo. São estas dinâmicas relacionais que também atuam sobre os condomínios, sejam aqueles destinados ao público mais abastado, sejam os empreendimentos mais populares.
O mesmo fenômeno que empurrou a população para a periferia, a vai trazendo de volta, pois do mesmo modo, os limites geográficos centrais também vão sendo expandidos. Os espaços urbanos antes constituídos cedem lugar a um outro, ainda mais confuso e heterogêneo.
A possibilidade de voltar às proximidades do centro da cidade graças à verticalização, aqui tida como empreendimento imobiliário para a classe média/média, opera um choque cultural significativo e profundas transformações na paisagem urbana.
Onde mais, afinal, a não ser em um edifício de 25, 30 andares se obterá uma concentração de pessoas, tão mais significativo? Que outra construção mais transforma a paisagem que a imponência de um arranha-céu? Muito obviamente, o processo de verticalização está diretamente relacionado ao crescimento urbano, à densidade urbana e à segregação socioespacial. A amplitude das inovações tecnológicas também colabora com a profusão destes elementos arquitetônicos, mão de obra qualificada, valorização do solo urbano, crescimento demográfico, enfim, são vários os fatores que confluem e tornam a paisagem urbana menos horizontal.
Festejada como uma estrutura capaz de resolver problemas de moradia em escala maximizada, a verticalização dos espaços urbanos é um dos mais bem-sucedidos empreendimentos capitalistas que se tem notícia. Em si mesma, a verticalização comporta um potencial de investimento amplamente satisfatório, e isto sem mensurar sobre o entorno que automaticamente se valoriza muito. No entanto, a paisagem não é privilegiada, ao contrário, poucos são os empreendimentos que atendem ao apelo da qualidade de vida com arborização e sistemas sustentáveis