Variar o repertório cinematográfico é sempre bom, principalmente se for experimentando a intensidade e originalidade características dos filmes franceses
Para muitas pessoas, pensar em cinema é lembrar imediatamente das grandes produções de Hollywood. Ação, heróis e comédia estão presentes na memória e nas telas de muitas casas brasileiras. Mas quem já experimentou sabe que existe um outro país que consegue competir com o deslumbre americano: o cinema francês.
Apesar de não ter a popularidade tão grande quanto a do rival, existe toda uma atmosfera em volta das produções francesas que conquista o público pela singularidade e experiência proporcionada. Não é à toa que a frase dita pelo cineasta parisiense Jean-Luc Godard faz tanto sentido para os amantes da arte: “Tenho pena do cinema francês, porque ele não tem dinheiro. Tenho pena do cinema americano, porque ele não tem ideias”.
O movimento artístico que alcançou o auge por volta dos anos 80 pode não ser mais o mesmo, mas a Nouvelle Vague, a onda que conquistou o mundo apresentando a genialidade de um novo jeito de se fazer cinema, construindo os clássicos que perduram, até hoje influencia e dá destaque às produções francesas.
Explorando o surrealismo e a criatividade, os filmes da França abordam, com originalidade e sensibilidade, a emoção das relações. A paixão, a sedução, as intrigas e os aprendizados das obras são expostos em um ritmo ousado, o que faz com que as criações acabem se tornando referência para diretores e atores.
Clássico vs. Contemporâneo
Cinéfilos ou não, há quem considere os filmes produzidos até os anos 80 as verdadeiras e únicas obras-primas; afinal, foi uma importante descoberta inovadora para o ramo na época. Mas existe gosto para todos os estilos, e, assim como tudo na vida, a evolução também fez parte do cinema francês, por isso até mesmo os mais recentes conseguem conquistar o coração do público.
Seja para passar o tempo ou para imergir um pouco mais na cultura, reforçando a aprendizagem da língua com indicações sugeridas por professores de francês em aulas de idiomas, os filmes contemporâneos são uma ótima alternativa. Entre os que receberam grande destaque da crítica ou que podem ser facilmente encontrados nos principais streamings do país, estão:
- O Profissional (1994), de Luc Besson;
- O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001), de Jean-Pierre Jeunet;
- Persépolis (2007), de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud;
- Entre os Muros da Escola (2008), de Laurent Cantet;
- Intocáveis (2011), de Eric Toledano e Olivier Nakache;
- O Artista (2011), de Michel Hazanavicius;
- Holy Motors (2012), de Leos Carax;
- Amor (2012), de Michael Haneke;
- Azul é a Cor Mais Quente (2013), de Abdellatif Kechiche;
- Eu Não Sou um Homem Fácil (2018), de Éléonore Pourriat.
Na outra ponta, estão as produções mais tradicionais, aquelas que todo amante do cinema deveria assistir ao menos uma vez, porque reservam uma experiência única e especial. Para absorver uma parte de toda a maestria em inovação artística e atributos técnicos proporcionada pelos clássicos, assista a:
- Le Voyage Dans La Lune / Viagem à Lua (1902), de Georges Méliès;
- La Règle du Jeu / A Regra do Jogo /(1939), de Jean Renoir;
- La Belle et La Bête / A Bela e a Fera (1946), de Jean Cocteau e René Clément;
- Les 400 Coups / Os Incompreendidos (1959), de François Truffaut;
- À Bout de Souffle / Acossado (1960), de Jean-Luc Gódard;
- Les Yeux Sans Visage / Os Olhos Sem Rosto (1960), de Georges Franju;
- Le Trou / A um Passo da Liberdade (1960), de Jacques Becker;
- Play Time / Tempo de Diversão (1967), de Jacques Tati;
- Le Samourai / O Samurai (1967), de Jean-Pierre Melville;
- La Maman et La Putain / A Mãe e a Puta (1973), de Jean Eustache.
Cinema francês e a mensagem transmitida
Assim como todos os ofícios, com certeza, o cinema francês também visa o lucro. Mas há um grande diferencial que o destaca diante dos demais concorrentes. O sucesso de uma produção na França também leva em consideração a qualidade da comunicação, ou seja, se a mensagem transmitida pelo diretor foi entendida da maneira correta pelo público.
Detalhes como esse fazem com que a experiência de assistir a um filme desenvolvido pelos franceses seja potencializada pela camada de significados que há atrás de cada história. Logo, não é difícil entender por que vale tanto a pena experimentar esse universo.